terça-feira, 27 de julho de 2010

Solo!

______ No sábado, durante a parte da manhã tivemos garage sale aqui em casa... é bem legal a idéia. Escolha um sábado do verão e coloque tudo que não usa pra fora de casa. Assim você se livra de toda a bagunça e ainda faz uma graninha.

O clima estava perfeito, foi dificil achar uma nuvem durante toda a manhã. Esse foi o problema! Em pouco tempo eu ja tava enjoado de ajudar Darren e Milli com toda aquela parafernália, subi pro meu quarto, coloquei minha coisas na mochila e parti pra middle sister - 2769m. Essa montanha faz parte do trio Three Sisters - o logo da cidade.

Comecei um pouco tarde e a entrada da trilha fica a uns doze quilometros daqui de casa. Passei na padaria, comprei pão e água e fui logo pra leste da cidade. Correria total, quase morri... preciso treinar mais.

A trilha é bem diferente de todas as outras, até agora. Se sobe por um riacho que só corre depois do inverno, quando a neve está derretendo. Nessa parte do ano, é só um "corguinho", mesmo. Depois de duas horas de caminhada, eu me perdi na trilha e subi pro lado errado - parando bem no meio das three sisters... valeu muito a pena - pois perdi mais de uma hora no meu equivoco, tempo suficiente pra ver toda a galera que estava no cume começando a descer - bem como o sol.

Corri devolta e peguei a trilha correta novamente, uma hora e pouco depois de pegar a trilha correta, começo a cruzar com as pessoas do cume. Canadenses, suiços, mexicanos, australianos, neozelandeses e um japonês. Galera bacana, fiquei conversando por um tempo e tópico foi carnaval. Olha pra quem o povo vai perguntar. É foda, tem vez que tento não falar que sou brasileiro... se digo, logo vem me dizendo sobre futebol e carnaval. Acho que convenci um ou outro à ir pro meu brasil-baranil.

Continuei subindo e umas duas horas depois estava caminhando proximo do topo... a visão é simplesmente maravilhosa, o clima tava super bom e eu tava sozinho no cume. Fiquei mais de trinta minutos por lá, tirando fotos, conversando comigo mesmo e ouvindo manu chao.

Voltei ligeiro pro vale pra não pegar noite na montanha... não me arriscaria passar a noite no meio da floresta. Apesar de ter visto um ou outro urso de longe - nada muito perigoso - a região tá um pouco em alerta à ursos e pumas. Na volta vi bighorn sheep, gatos selvagens, veados, etc... nenhuma puma ou urso. Uma pena (ou não).

Pra comemorar, fui direto para o pub pra comer uma porção de fritas e tomar uma cerveja, antes de deitar e morrer na cama depois de duas horas de bicicleta e sete de caminhada. Acabei encontrando a galera koreana - Euna, Tae-Ho e Choi. Galera firmeza.

No domingo, Helena me mandou mensagem dizendo que iria pra Quarry lake com o Ian, seu filhinho de três anos, pra nadar, brincar e tomar um sol. Liguei pro Masa e nos encontramos no mercado pra comprar um lanche e fazer um picnic por lá. Encontramos Meg, Silvio e Dimitri mais tarde e ficamos nadando, tomando sol e trocando umas idéias.

Que domingo maravilhoso... minhas costas estão ardendo até agora por causa do sol. Helena chama Quarry lake de Ipanema. hahaha... justo!

De janta, pensamos em comprar umas linguiças e marshmallow pra assar em fogueira, no quintal do Masa. Fomos pra lá perto das seis da tarde e nos juntamos com Jana, Phillip, Milli e Nadja - a nova estudante que está morando com a gente agora. Suiça-alemã, 20 anos. É tudo que sei até agora. Gente boa, molecona.

Final de semana foi bom.

Abraços.

João.


sábado, 17 de julho de 2010

Faz um tempo

_______________ que não posto por aqui e na verdade, desde a última vez que postei, queria ter escrito três vezes no blog. Sobre a subida à montanha Lady Mcdonald, sobre o acampamento de capoeira em Fintry-BC e a última sexta feira em Calgary, no Stampede - o maior rodeio do mundo.

Portanto, vou fazer um resumidão das coisas pra clarear minha memória e dar notícias pro pessoal do outro lado do atlântico.

Lady Mcdonald


Foi no dia vinte de um de junho, eu e Joran - um colega francês da escola. Eu e ele não nos davam muito bem no começo do curso. Já tinha ouvido sobre os franceses e é boa verdade - Joran era exemplo de francês, rapaz que não dava muita bola pra galera e era mais cheio de sí do que qualquer outro. Ainda sim, eu vivia enchendo o saco dele e tentado faze-lo rir de vez em quando.

Na última semana dele no Canadá, ele decidiu desabafar e dizer que queria ter aproveitado bem mais com a gente, mas que já era tarde demais. Logo de cara propus pra gente subir a montanha Lady Mcdonald, logo aqui atrás de casa - em quatro meses ele não tinha subido nenhuma montanha no Canadá! Impossível de acreditar. O que ele tava fazendo aqui?

Lady Mcdonald é uma montanha de 2606 metros e tem esse nome em homenagem à esposa do primeiro ministro de 1886. Tenho certeza que a madame nunca subiu lá!

Começamos às 8 da manhã na trilha atrás de casa e seguimos pelo riacho até a entrada. A trilha começa fácil e com bastante árvore ao redor, passeiozinho na lagoa, como diria o Pinta. Em umas duas horas de caminhada pra cima, o negócio começa a ficar diferente. Como é típico aqui, as bases das montanhas são cheias de pinus, e depois vira um misturado de pedras soltas (scrambling) e árvores se equilibrando nas encostas.

Tivemos boas conversas caminho acima e levamos umas 3 horas até a Tea-House. É, a montanha tem uma antiga casa de chá quase no topo, mas já está desativada. Não faço idéia quando foi construida e ninguem nem fala mais dela. É um bom lugar pra refúgio se chover e começar a relampear (jar?).

Paramos por uns quinze minutos pra fazer um lanchinho e tomar uma água e recomeçamos a caminhada. O cume parecia tãão perto, mas eu já tinha tido essa impressão. Disse que seria mais quarenta minutos ou mais se fossemos ligeiros e Joran retrucou, já cansado, que levaria vinte minutos no máximo.

Arre, subidinha sem-vergonha. Aquilo é scrambling! É dois passos pra cima e três pra baixo. É pior que subir essas porções de areia de contrução sabe? Já tentaram quando eram muleque? É um passo pra cima e a areia desce toda. É o mesmo. Parece que tá subindo uma montanha de bolinhas-de-gude.

Depois que se chega a porção mais alta, a crista tem uns quinhentos metros até o verdadeiro cume. Perigoso! Foi a primeira montanha daquela forma pra mim, eu amei! Coração a mil, mas não tem erro nenhum se não vacilar. É uma caminhada fácil, mas com queda de mil e quinhentos metros de ambos lados, tem que ficar esperto. A vista é maravilhosa!

Paramos no cume, nos abraçamos, parabenizamos um o outro, comemos e bebemos uma água e partimos pra descida. A ultima porção que levamos quarenta minutos pra subir, eu levei uns dois minutos e meio pra descer. RECORRRDE! Hahaha Coisa mais gostosa. É dificil subir, mas é facílimo descer. E só ir pulando e se equilibrando. Levei dois tombos feios, mas continua descendo e se equilibrando, tipo pular nas dunas da praia e correr morro abaixo. Rápido, economiza energia e tempo.

O viado do Joran deve ter o vídeo, mas ele nao me passou. Quero ver se posto mais pra frente.

Levamos umas oito horas no total. Caminhada gostosa, tempo bom na chegada. Joran já voltou pra França. Vai ser piloto da força aérea do país que tem o presidente mais puto do mundo. Desejo boa sorte.


Acampamento de capoeiristas

É engraçado, antes de vir pro Canadá, acho que fiz no máximo umas dez aulas de capoeira quando estava na faculdade. Nunca tive muito interesse. Cheguei aqui e comecei a fazer toda semana. Continuo uma bosta, mas pretendo continuar fazendo quando voltar. É muito bom pro corpo. Muito alongamento e movimentos ligeiros. Deixa o maluco mais esperto.

O acampamento foi em Fintry-BC, mais de metade do caminho que fizemos pra Vancouver. É meio longinho e eu e a Milli fomos trocando volante. Dirigi o possante da véia. Uma bmw 330i, 3.0lts, seis cilindros, manual. Uma nave!

Muita conversa, muita risada e tudo mais. Milli tem sido uma boa amiga pra mim. Temos feito muitas coisas juntos, viajado e talz e tem sido muito bom. Vivo falando minhas pulgas pra ela e ela joga as delas em mim. A galera fica de cara quando ela fala que eu sou o "filiño" dela, disse que ficou grávida quando tinha dez anos de idade.

Chegamos no acampamento e já tinha um somzão rolando um fala-mansa, gente dançando, tudo colorido, ensolarado, galera correndo, jogando capoeira, bola, friesbie, etc. Montamos nossa barraca na área dos bagunceiros, com direito a fogueira e música até altas horas na madrugada, mas mestre já tinha deixado claro - 9 horas tinhamos que estar de pé. Ninguém queria pagar abdominais e flexões na frente de todo mundo.

Tinha pessoal de Vancouver, Calgary, Whistler, Canmore, etc. Galera da escola Aché Brasil - Mestre Eclilson de Jesus. Tinha uns vinte brasileiros por lá e um total de umas sessenta pessoas. Bando de pessoal bacana. Os brasileiros e os gringos, me fez muito bem! Eu tinha encontrado poucos brasileiros por aqui, talvez uns quatro ou cinco e um de cada vez (ou em casais), mas não aquele bando de nego de uma só vez.

Tivemos workshop durante as manhãs e aulas e rodas durante à tarde. Conversei bastante com super-homem e samurai, os dois caras que fiquei mais próximo por lá. São do recife, são professores de capoeira e vieram pro Canadá pra tentar tudo o que aparecer. Pagando eles fazem. É o típico brasileiro no estrangeiro. Super-man é um cara gigante, com uma tatuagem em S no meio do peito, chinga todo mundo me português e, por incrivel que pareça, a galera sabe. Não prestou atenção na aula dele, ele vinha e dava uma demonstração de como a capoeira pode ser usada para o mau, mas só pra ensinar. 100% de atenção do público, sempre... hahaha.

Ele me curtiu, todas as aulas me tomou como exemplo, me chamou pra jogar na roda principal e tudo mais. Dahora. Samurai já é uma cara de meia altura e não muito em forma, pra não dizer gordo. Quando cheguei, a Milli logo o apontou como sendo um cara bem foda na capoeira. Não digo que duvidei, pra não fazer feio... mas duvidei! Hahaha. Precisa-se ver o cara jogando. Bem legal todo aquele peso dando mortais, andando com as mão, fazendo queda de rins perfeitas e tudo. Legal!

Curiosidade: um dos meninos que estavam lá, toquinha - um koreano, é um muuuito fera no cubo mágico. Ele diz que é só o décimo sétimo mais rápido do Canadá e está treinando pra fazer cada vez mais rápido. É impossivel de acreditar como o cara consegue solucionar o cubo tão rápido. Ele fez em vinte e poucos segunos - Disse que o recorde mundial é cerca de sete. SETE! Eu fiquei umas duas horas em cima de um cubo e desisti.

Teve gincana também no sábado... Eu era o unico brasileiro no meu time e ensinei todo mundo a cantar "Puuuta que pariu... é o melhor time do Brasil". Foi engraçado ver a gringaiada cantando em português. Ganhamos no grito de guerra e coreografia. hahaha

No domingo, cinco e meia da manhã pulei da barraca pra correr e tomar um banho (desde quinta sem banho, tava ficando num zinabre, já - mas acampamento é assim mesmo). Seis e pouco partimos devolta pra Canmore. Conversas vão e vem, e paramos em Golden - idéia da vez: fazer rafting nas águas brancas do kicking horse.

Juntamos à um grupo, dando um total de dez com o guia. Água à 4 graus, eu já chutei o pau da barraca, fui sem camiseta. Dizem que a adrelina não deixa a gente sentir frio nem fome, quis experimentar.

Depois de instruções rápidas de sobrevivencia, caso o bote virasse ou se fossemos lançados nas águas - que por sinal estavam correndo bem rápidas (nível 3 e 4) - seguimos para os botes. Só diversão! Muito ligeiro, muitos sustos, muuuuito dahora. Todo mundo deveria tentar antes de morrer.

Depois do rafting, seguimos pra Canmore... mais podre e com fome do que nunca!


Calgary Stampede

Pra começo de conversa, eu comprei um chapéu de cowboy - AOOOOO FILÉÉÉ. Já virou parte do meu uso diário. hahaha.

O Rodeio de Calgary - Stampede - é considerado o maior rodeio do mundo, paga mais de $2mi pra ganhadores e são mais de dois milhões de visitantes todos os anos. Gigante não?

Tem parque de diversões, dezenas de shows, eventos, bares, exposição, rodeio, corrida de carroções, etc etc etc. Chegamos e compramos o passe livre pro parque de diversões... andei em uns 15 "brinquedos".

Depois que passou o enjôo das corridas - e que enjôo, comemos uma porção de fritas e compramos uma cerveja pra assistir a corrida de carroções, na arquibancada. Bem bacana. Até aquele dia, tinham tido dois acidentes e quatro cavalos tinham morrido. É muito punk as corridas. Dá pra sentir o chão tremendo de longe. Cada carroça é puxada por quatro cavalos, e cada carroça tem pelo menos 3 protetores correndo atrás. São uns 25 cavalos correndo frenéticamente o circuito. É bacana de se ver.

Na pausa para a premiação, eu a Milli corremos pro Coca-Cola stage pra assistir um pouco do show do OneRepublic, uma banda americana do colorado. Muito lindo o show deles. Conhecia apenas duas músicas dos rapazes, mas o show valeu muito a pena.

Depois de ouvir umas cinco músicas, corremos devolta para o circuito principal pra assistir o show de encerramento. Muuuuuito lindo! Muita coreografia, música, gente pendurada pra tudo quando é lado, globo da morte com quatro motos, acrobacias, comediante apresentando, fogos de artíficios e bla bla blá. É um exagero de rodeio... bem interessante. Já to com vontade do 100%nh, viu!

É isso, galera. To com o dedo gasto de escrever, já.

Um abraço e uma música do OneRepublic pra vocês.



quinta-feira, 1 de julho de 2010

Decisão ligeira

_____________________ à de ir pra Vancouver. Eu, Masa e Numa em um dia na escola conversando sobre as viagens que faríamos no Canadá e foi unânime a idéia de ir para à capital de British Columbia.

O principal problema era o tempo, pois eu começo no meu emprego dia cinco de julho... Masa trabalha no restaurante japones de seu tio e Numa está voltando à suiça em pouco tempo.

Planejamos à sair na quarta-feira, dia vinte e três depois do trabalho do Masa. Meia noite. A idéia veio da viagem de Gusti, o cara suiço. Ele tinha ido à vancouver algum tempo atrás durante a noite e disse que era bem tranquilo e foi. É uma viagem bem longa e é um pouco angustiante saber que se tem monte de vistas bonitas em volta, mas com a chuva e a escuridão, não dava pra ver mais que alguns metros pra frente, a não ser quando se passava pelos túneis de contençao de avalanches, nas encostas das montanhas.

O bom de se viajar durante a noite, é que ganhamos o dia seguinte sem precisar "gastar" o tempo viajando com o sol no lombo. E a noite não é tão longa. Escurece completamente às onze e pouco e amanhace às três e pouco, perto das quatro.

Eu dirigi das 3 até boa parte da manhã, já perto de Kamloops. Terra de montanhas estranhas. Não são rochosas, são de terra, mesmo. Parte das "bad-lands" ou terras más, onde nada cresce, à não ser que se tenha muita tecnologia e eles têm! Tem pivot pra tudo quanto é lado, lembrei o Matt. A foto não tá muito boa, pois tirei enquanto estava dirigindo... mas dá pra ter uma noção.


O plano era atravessar vancouver e já ir direto pra ilha de vancouver. Chegamos no hostel às três e meia. Quinze horas no total, contando com a balsa. No Nicol's Hostel, uma belezinha de lugar. Dava vontade de ficar bem mais do que ficamos - até o dia seguinte. Fizemos um churrasco com mirta, a holandesa não muito amigável e o americano bacaninha kairon. Moleque gente fina, mas americano.. hahaha. Churrasco bão e suficiente pra ir pra cama. Às nove, no horário de BC (-7gmt) eu já estava na horizontal.


Na manhã seguinte, depois de um banho de bica ao lado de fora e um momento autista no jardim da dona moni, a responsavel pela rede pacific hostels, seguimos para tofino, na costa oeste da ilha. No caminho, paramos na floresta mágica chamada cathedral forest, com antigas árvores gigantes. Inacreditável. Uma delas, the big tree, tem mais de oitocentos anos de idade e setenta e seis metros de altura, correspondente a um prédio de trinta andares. Eu fiquei pensando no Capitão Assis com seus 16 andares...


Depois de visitar todos os hostels de tofino, ficamos um pouco preocupado, pois todos os lugares baratos pra dormir já estavam esgotados, final de semana na praia – esquecemos de fazer reserva. Achamos um motel, chamado schooner, bem bacana e não muito caro. Nos preparamos pra pagar uns 40-50 dolares cada um por noite... bem mais caro que os 22 no hostel, mas não tinhamos escolha.

Saimos pra comer alguma coisa na rua e andar pela cidade e em pouco tempo, Masa e Numa já estavam pronto pra voltar pro apartamento, estavam esmigalhados. Eu já tinha muita coisa na cabeça e preferi ir até as docas pra tomar uma cerveja e ver o pôr do sol. Fiquei por lá.

Tem muito “índio” aqui nessa região e eles vem de barco até a cidade pra comprar temperos, refrigerante, roupa e álcool. O governo paga para eles viverem nas reservas e isso é um problema. É a “bolsa-alcool”, como dizem aqui. Dá até medo, mas não são todos que são tranqueiras, não. Na verdade, a culpa é dos brancos vindos da Europa e bla bla blá. Não cabe a mim escrever sobre isso no blog, hoje.

Ajudei um casal de índio a carregar o bote deles e ganhei uma cerveja. Hehe. Recebi uma porcentagem da bolsa-alcool.

Depois de escurecer, estava caminhando de volta pro apartamento e vi outro índio, super embreagado, importunando uma moça na rua e que depois dirigiu a atenção pra mim. Só tava bêbado mesmo, nada demais. A moça, Hannah, tinha chegado da West Coast Trail, uma trilha que eu queria muito ter feito, mas leva 7 dias na floresta e eu não tinha todo esse tempo. Todos hostels lotados e ela querendo economizar grana, como a gente, nada melhor que dividir nossa acomodação. Bom pra ela, bom pra gente.

No sábado, alugamos algumas pranchas e roupa de mergulho e fomos pra Cox Bay, em Long Beach. Uma delicia de dia, consegui pegar umas ondas, mas continuo o mesmo lixo. A ultima vez que tentei surfar, acho que tinha uns 14 anos quando fui com papai e mamãe pra são Francisco e tive umas aulas. Continuo na mesma, mãe. Mas consegui pegar 3 ondas, bom não?


À pedido do Masa, fomos jantar em um sushi-bar e voltamos pro apartamento pra assistir um filme. Trainspotting – denovo. Bom filme.

No domingo acordamos na manhã, compramos nosso café da manhã no supermercado – sempre mais barato – e partimos pra Victoria, batizada em horna a raínha Victoria, da Inglaterra. Hostel da vez: Ocean Island Inn, uma delícia! As coisas funcionam muito bem em hostels, sempre. Lembro da viagem pela América do sul que ficamos maior parte das noites em hosteis. Comida barata, galera bacana, se você ajuda na limpeza, ganha desconto nas taxas e tudo. Bem comunatarião, fora que se conhece gente do mundo inteiro. Assisti o jogo do Brasil com um africano, dois europeus e duas canadenses da parte francesa – torcendo pro Brasil!! Futebol une, mesmo sem churrasco e cerveja.

Nos dias seguintes, aluguei uma scooter(lambretta) e dei umas voltas na cidade. Estilo inglês, com ônibus caracterizados e castelos, Victoria é uma cidade muito interessante. Muitos esportes e turismo à beira mar. Tava tendo Jazz Festival na praça perto de Chinatown, aproveitamos pra visitar ambos. Chinatown é ridículo de barato e se acha de tudo que possa imaginar, sempre dizem que é mais barato comprar e comer por lá e é verdade. Sem duvida o lugar mais barato e bom que comemos. Tem fotos de celebridades (tipo Angelina Jolie e John Travolta) autografados parede e pagamos 10 dolares pra comer até cansar, com chá chinês grátis.

No Jazz Festival, Ibrahim Electric tocando um instrumental bom vivo, recomendo! Fez a galera dançar... monte de velhinho e criança na praça mexendo o esqueleto (como diria os tiozões pra frentão), muito bom.

Saimos bem cedo, na manhã de terça pra visitar Vancouver – downtown e o Stanley Park. Nada super interessante. Só pra dizer que passou por lá, mesmo. Foi só uma cidade bonita e não ficamos muito tempo e já partimos pra Whistler pra passar a noite e continuar a viagem de mais perto no dia seguinte.

Acordei de manhã, passei uma água e fiquei la embaixo esperar os meninos chegarem pra partir pra Canmore, e eis que uma super boa surpresa acontece. Num impala preto, aparece Marius, Rico, Milla, Tae-Ho e Euna - galera da escola. A gente sabia que eles fariam a mesma viagem uma semana depois da gente, mas nem imaginava que os encontraria no meio do caminho! Muita risada. Ficamos conversando por um tempo até eles descansarem das 10 horas de viagem que tinham acabado de fazer e nos preparando pras mesmas próximas 10 horas de viagem.

Surpresa boa! É bom ver a galera denovo. Agora só daqui uma semana denovo.


Na cabeça:

Acho que ninguém nesse mundo pára de pensar no que fazer num futuro próximo. Tipo o lance de planejar, sabe?! O que diferencia um do outro é o tamanho do sonho e do medo. Sempre a galera vêm conversando na internet e dizendo que morre de vontade de viajar, fazer o mesmo e tudo mais, mas a maioria acorda de manhã e planeja o que fazer até na hora do almoço, só. Sempre procrastinando.

Eu desejo pra todo mundo muita força de vontade (e não precisa muita) pra planejar viagens, passeios, coisas diferentes. Trabalhar em coisas diferentes em lugares diferentes, pelo menos por um tempo se ainda é jovem (e se considera jovem).

Eu digo, com toda propriedade, que tem muita coisa difícil em morar longe da galera... os relacionamentos mudam, esfriam, esquentam, fervem, congelam. Pra alguns, estreitei laços e pra outros simplesmente esqueci. Essa é a parte ruim, mas só. O tanto que a natureza, as montanhas, pessoas, momentos, nos favorece é relação desleal. A sensação de completa sintonia é maravilhosa. Incontáveis sonhos dentro de um sonho maior, acontecendo tudo junto.

Eu não quero parar.


E mais:

E mais, a Mo acabou de me mandar o vídeo da galera depois do jogo do Brasil e Chile, no dia vinte e alguma coisa, segundo o Matt.



Chorei galera. Que saudade da porra! Galera muito linda, mesmo. Às vezes, por aqui, eu me sinto um tanto quanto distante e acabo tentando ignorar a saudade, o que não é super legal, porque antes do vídeo estava me sentindo completamente desligado de vocês, como se não precisasse mais, manja?! Não, não é por cuzãozisse não. É só pra tentar colocar adiante a dor da saudade. E aí vem a Mo, com sua delicadeza impossível de descrever e me manda esse presente. Como sinto falta de vocês, bando de bundões. E não! E não virei gay. Se saudade significa ficar “gay”, então eu to gay, mas só até eu encontrar vocês denovo. Valeu Matt, Caín, Dan, tia Célia, Mel, Paula, Dri, irmãzinha Nick, Sô (valeu pelo brinde), Fred, Chica, e toda a galera que tava por lá. Obrigado, Mo. Quando o Danilo tinha me dito que a pessoa que mais daria força seria a namorada, eu acreditei em partes, mas nunca achei que fosse tão fundamental. Obrigado pai, mãe (pelas conversas esporádicas, mas longas e prazerosas pelo telefone), vó, tias. Obrigado pela saudade, obrigado por chorar do outro lado do skype e tentar esconder. O mesmo acontece aqui! Obrigado, galera.

Esses dias estava escrevendo no meu diário (gay, né ?) falando o quanto sinto grato por tudo o que tem acontecido na minha vida. Sempre tentarei compartilhar minha gratidão e fazer com que as pessoas consigam entender o porquê de tudo isso. Estamos no mundo é pra viver, galera. E isso seria impossível sem a bizarrisse (no bom sentido) que é meu caminho cruzado com o de vocês e eu só agradeço.

João.