quinta-feira, 1 de julho de 2010

Decisão ligeira

_____________________ à de ir pra Vancouver. Eu, Masa e Numa em um dia na escola conversando sobre as viagens que faríamos no Canadá e foi unânime a idéia de ir para à capital de British Columbia.

O principal problema era o tempo, pois eu começo no meu emprego dia cinco de julho... Masa trabalha no restaurante japones de seu tio e Numa está voltando à suiça em pouco tempo.

Planejamos à sair na quarta-feira, dia vinte e três depois do trabalho do Masa. Meia noite. A idéia veio da viagem de Gusti, o cara suiço. Ele tinha ido à vancouver algum tempo atrás durante a noite e disse que era bem tranquilo e foi. É uma viagem bem longa e é um pouco angustiante saber que se tem monte de vistas bonitas em volta, mas com a chuva e a escuridão, não dava pra ver mais que alguns metros pra frente, a não ser quando se passava pelos túneis de contençao de avalanches, nas encostas das montanhas.

O bom de se viajar durante a noite, é que ganhamos o dia seguinte sem precisar "gastar" o tempo viajando com o sol no lombo. E a noite não é tão longa. Escurece completamente às onze e pouco e amanhace às três e pouco, perto das quatro.

Eu dirigi das 3 até boa parte da manhã, já perto de Kamloops. Terra de montanhas estranhas. Não são rochosas, são de terra, mesmo. Parte das "bad-lands" ou terras más, onde nada cresce, à não ser que se tenha muita tecnologia e eles têm! Tem pivot pra tudo quanto é lado, lembrei o Matt. A foto não tá muito boa, pois tirei enquanto estava dirigindo... mas dá pra ter uma noção.


O plano era atravessar vancouver e já ir direto pra ilha de vancouver. Chegamos no hostel às três e meia. Quinze horas no total, contando com a balsa. No Nicol's Hostel, uma belezinha de lugar. Dava vontade de ficar bem mais do que ficamos - até o dia seguinte. Fizemos um churrasco com mirta, a holandesa não muito amigável e o americano bacaninha kairon. Moleque gente fina, mas americano.. hahaha. Churrasco bão e suficiente pra ir pra cama. Às nove, no horário de BC (-7gmt) eu já estava na horizontal.


Na manhã seguinte, depois de um banho de bica ao lado de fora e um momento autista no jardim da dona moni, a responsavel pela rede pacific hostels, seguimos para tofino, na costa oeste da ilha. No caminho, paramos na floresta mágica chamada cathedral forest, com antigas árvores gigantes. Inacreditável. Uma delas, the big tree, tem mais de oitocentos anos de idade e setenta e seis metros de altura, correspondente a um prédio de trinta andares. Eu fiquei pensando no Capitão Assis com seus 16 andares...


Depois de visitar todos os hostels de tofino, ficamos um pouco preocupado, pois todos os lugares baratos pra dormir já estavam esgotados, final de semana na praia – esquecemos de fazer reserva. Achamos um motel, chamado schooner, bem bacana e não muito caro. Nos preparamos pra pagar uns 40-50 dolares cada um por noite... bem mais caro que os 22 no hostel, mas não tinhamos escolha.

Saimos pra comer alguma coisa na rua e andar pela cidade e em pouco tempo, Masa e Numa já estavam pronto pra voltar pro apartamento, estavam esmigalhados. Eu já tinha muita coisa na cabeça e preferi ir até as docas pra tomar uma cerveja e ver o pôr do sol. Fiquei por lá.

Tem muito “índio” aqui nessa região e eles vem de barco até a cidade pra comprar temperos, refrigerante, roupa e álcool. O governo paga para eles viverem nas reservas e isso é um problema. É a “bolsa-alcool”, como dizem aqui. Dá até medo, mas não são todos que são tranqueiras, não. Na verdade, a culpa é dos brancos vindos da Europa e bla bla blá. Não cabe a mim escrever sobre isso no blog, hoje.

Ajudei um casal de índio a carregar o bote deles e ganhei uma cerveja. Hehe. Recebi uma porcentagem da bolsa-alcool.

Depois de escurecer, estava caminhando de volta pro apartamento e vi outro índio, super embreagado, importunando uma moça na rua e que depois dirigiu a atenção pra mim. Só tava bêbado mesmo, nada demais. A moça, Hannah, tinha chegado da West Coast Trail, uma trilha que eu queria muito ter feito, mas leva 7 dias na floresta e eu não tinha todo esse tempo. Todos hostels lotados e ela querendo economizar grana, como a gente, nada melhor que dividir nossa acomodação. Bom pra ela, bom pra gente.

No sábado, alugamos algumas pranchas e roupa de mergulho e fomos pra Cox Bay, em Long Beach. Uma delicia de dia, consegui pegar umas ondas, mas continuo o mesmo lixo. A ultima vez que tentei surfar, acho que tinha uns 14 anos quando fui com papai e mamãe pra são Francisco e tive umas aulas. Continuo na mesma, mãe. Mas consegui pegar 3 ondas, bom não?


À pedido do Masa, fomos jantar em um sushi-bar e voltamos pro apartamento pra assistir um filme. Trainspotting – denovo. Bom filme.

No domingo acordamos na manhã, compramos nosso café da manhã no supermercado – sempre mais barato – e partimos pra Victoria, batizada em horna a raínha Victoria, da Inglaterra. Hostel da vez: Ocean Island Inn, uma delícia! As coisas funcionam muito bem em hostels, sempre. Lembro da viagem pela América do sul que ficamos maior parte das noites em hosteis. Comida barata, galera bacana, se você ajuda na limpeza, ganha desconto nas taxas e tudo. Bem comunatarião, fora que se conhece gente do mundo inteiro. Assisti o jogo do Brasil com um africano, dois europeus e duas canadenses da parte francesa – torcendo pro Brasil!! Futebol une, mesmo sem churrasco e cerveja.

Nos dias seguintes, aluguei uma scooter(lambretta) e dei umas voltas na cidade. Estilo inglês, com ônibus caracterizados e castelos, Victoria é uma cidade muito interessante. Muitos esportes e turismo à beira mar. Tava tendo Jazz Festival na praça perto de Chinatown, aproveitamos pra visitar ambos. Chinatown é ridículo de barato e se acha de tudo que possa imaginar, sempre dizem que é mais barato comprar e comer por lá e é verdade. Sem duvida o lugar mais barato e bom que comemos. Tem fotos de celebridades (tipo Angelina Jolie e John Travolta) autografados parede e pagamos 10 dolares pra comer até cansar, com chá chinês grátis.

No Jazz Festival, Ibrahim Electric tocando um instrumental bom vivo, recomendo! Fez a galera dançar... monte de velhinho e criança na praça mexendo o esqueleto (como diria os tiozões pra frentão), muito bom.

Saimos bem cedo, na manhã de terça pra visitar Vancouver – downtown e o Stanley Park. Nada super interessante. Só pra dizer que passou por lá, mesmo. Foi só uma cidade bonita e não ficamos muito tempo e já partimos pra Whistler pra passar a noite e continuar a viagem de mais perto no dia seguinte.

Acordei de manhã, passei uma água e fiquei la embaixo esperar os meninos chegarem pra partir pra Canmore, e eis que uma super boa surpresa acontece. Num impala preto, aparece Marius, Rico, Milla, Tae-Ho e Euna - galera da escola. A gente sabia que eles fariam a mesma viagem uma semana depois da gente, mas nem imaginava que os encontraria no meio do caminho! Muita risada. Ficamos conversando por um tempo até eles descansarem das 10 horas de viagem que tinham acabado de fazer e nos preparando pras mesmas próximas 10 horas de viagem.

Surpresa boa! É bom ver a galera denovo. Agora só daqui uma semana denovo.


Na cabeça:

Acho que ninguém nesse mundo pára de pensar no que fazer num futuro próximo. Tipo o lance de planejar, sabe?! O que diferencia um do outro é o tamanho do sonho e do medo. Sempre a galera vêm conversando na internet e dizendo que morre de vontade de viajar, fazer o mesmo e tudo mais, mas a maioria acorda de manhã e planeja o que fazer até na hora do almoço, só. Sempre procrastinando.

Eu desejo pra todo mundo muita força de vontade (e não precisa muita) pra planejar viagens, passeios, coisas diferentes. Trabalhar em coisas diferentes em lugares diferentes, pelo menos por um tempo se ainda é jovem (e se considera jovem).

Eu digo, com toda propriedade, que tem muita coisa difícil em morar longe da galera... os relacionamentos mudam, esfriam, esquentam, fervem, congelam. Pra alguns, estreitei laços e pra outros simplesmente esqueci. Essa é a parte ruim, mas só. O tanto que a natureza, as montanhas, pessoas, momentos, nos favorece é relação desleal. A sensação de completa sintonia é maravilhosa. Incontáveis sonhos dentro de um sonho maior, acontecendo tudo junto.

Eu não quero parar.


E mais:

E mais, a Mo acabou de me mandar o vídeo da galera depois do jogo do Brasil e Chile, no dia vinte e alguma coisa, segundo o Matt.



Chorei galera. Que saudade da porra! Galera muito linda, mesmo. Às vezes, por aqui, eu me sinto um tanto quanto distante e acabo tentando ignorar a saudade, o que não é super legal, porque antes do vídeo estava me sentindo completamente desligado de vocês, como se não precisasse mais, manja?! Não, não é por cuzãozisse não. É só pra tentar colocar adiante a dor da saudade. E aí vem a Mo, com sua delicadeza impossível de descrever e me manda esse presente. Como sinto falta de vocês, bando de bundões. E não! E não virei gay. Se saudade significa ficar “gay”, então eu to gay, mas só até eu encontrar vocês denovo. Valeu Matt, Caín, Dan, tia Célia, Mel, Paula, Dri, irmãzinha Nick, Sô (valeu pelo brinde), Fred, Chica, e toda a galera que tava por lá. Obrigado, Mo. Quando o Danilo tinha me dito que a pessoa que mais daria força seria a namorada, eu acreditei em partes, mas nunca achei que fosse tão fundamental. Obrigado pai, mãe (pelas conversas esporádicas, mas longas e prazerosas pelo telefone), vó, tias. Obrigado pela saudade, obrigado por chorar do outro lado do skype e tentar esconder. O mesmo acontece aqui! Obrigado, galera.

Esses dias estava escrevendo no meu diário (gay, né ?) falando o quanto sinto grato por tudo o que tem acontecido na minha vida. Sempre tentarei compartilhar minha gratidão e fazer com que as pessoas consigam entender o porquê de tudo isso. Estamos no mundo é pra viver, galera. E isso seria impossível sem a bizarrisse (no bom sentido) que é meu caminho cruzado com o de vocês e eu só agradeço.

João.

2 comentários:

  1. “You may say I'm a dreamer, but I'm not the only one."

    Love you Bro!

    Essa ultima hora lendo seus ultimos posts e vendo suas fotos me deixaram mto feliz =)

    Bjaum Jaum

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  2. Que delicia de fotos, de post... é tão bom ler suas coisas :) isso nos aproxima de você!
    Se eu pudesse colocar num video todos os recados de todos que gostariam te dar um oi e um "volta logo" acho que a coisa ia se prolongar demaaais... hehe...
    Aqui do Brasil,voce tem os melhores sentimentos, sempre!! E aquela saudade!!
    Te amo, querido!
    Mil beijos

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